Saturday, August 12, 2006

AS ROSAS MORTAS A ME CONTEMPLAR






Quando eu era menina
tinha medo da cortina
que lembrava
o quintal do mal.
Era adornada de pecado,
rosas em gritos mentruais
sangrando folhas descomunais.
Durante o dia, eram bizarras;
na noite me assombravam
formando rostos
na contra-luz da lua azougue.
Eu farfalhava no colchão,
cerrava os olhos,
me encolhia em posição fetal.
Nunca disse à irmã ao lado,
nem à mãe
(que trocaria a cortina, para minha paz).
Eu nasci de frente para os fantasmas.
Contemplo.
Não expulso.
Não acendo a lâmpada.
Enfrento.
No quarto escuro
(agora da alma)
os mil rostos
de rosas mortas
a me contemplar.

BÁRBARA LIA

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