O poema/declaração de amor a Jorge Luis Borges, foi publicado no site cronópios. Os meus poemas mais longos rompem, foi assim com o meu poema mais longo - Uma lua em teu ventre - que escrevi em uma única manhã, e com este que escrevi no tempo exato em que ouvia - Milonga del Ángel - de Astor Piazzola, e no espaço/tempo da lágrima-música eu disse a Borges - Eu te amo!
O ALEPH AZUL DE BORGES
Deixastes aqui teu coração
- Aleph azul
povoado de tigres brancos
e miragens,
que pulsa como esta Milonga Del Angel,
nesta primavera desprotegida
- acordes de Piazzola –
Nuvens brancas a acenar certezas:
teu coração Aleph azul
permanece – no suave ritmo del sul.
Deixastes um Livro de Areia
- tu’alma -
nós todos virando páginas
deste deserto metafísico - noturno e trágico -
que leva à aurora nítida do reino da poesia.
Deixastes aqui teu coração,
Aleph onde trafegam signos vários,
e mesmo que tenhas imprimido sonhos
em grego, sânscrito ou aramaico,
deciframos – em alfa –
tuas mensagens de estrelas.
És um vaso vazio de segredos,
pleno de sóis & luas & signos da nobreza,
em uma azul sinfonia que teces
entre seus dedos, enquanto apontas:
A eterna água, o ar eterno,
flanando em um vale de sombras
e a inscrição brilhante em fios de ouro
- não existe tempo –
Guardiões do impossível
levamos ao pescoço a ampulheta
como homens-bombas
explodindo a vida,
sem seguir teus passos-acordes.
Cegos, não percebemos,
a inutilidade da areia que cai em conta-gota,
teu coração quer nos gritar isto -
Aleph azul que guarda segredos rojos.
Alguns o folheiam em prece, como anjos.
Eu o folheio, deslumbrada,
com a mesma cálida e reverente ternura
com que olhava abismada a estrela Vésper.
Azul como teu Aleph coração.
Seta e sinal em meu caminho:
A estrela Vésper
e o Aleph azul de Borges.
BÁRBARA LIA