Tuesday, September 04, 2007

O SAL DAS ROSAS

















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KAMIKAZES

Doze kamikazes
arrastam a delicada açucena.

Doze kamikazes.
As lágrimas descem
feito fontes.

Nenhuma música
de anjos sonoros,
nenhuma.

Nas nuvens que passeiam,
exausto de tédio, atira longe
o grão da maldade – o dragão da guerra.

BÁRBARA LIA

A POESIA DO PERTENCIMENTO DE BÁRBARA LIA
Quando eu disse à poeta Bárbara Lia que percebesse, mediante circunstâncias singulares, o que realmente fazia sentido e que se traduzia em um sentimento de pertencimento, minha intenção era que estimasse tal noção partindo de critérios avaliativos subjetivos, ou seja, do que fosse mais verdadeiro e autêntico em sua vida e projeto literário; e não pensei que ela levasse tão a sério aquelas palavras. Qual não foi a minha surpresa quando me deparei com o poema que abre este “O Sal das rosas”, cujo título é “O que me pertence”. Somos assim, e que bom. Movidos algumas vezes pelo verso do outro, por palavras escritas ou proferidas em algum momento, em alguma luz ou treva, e que o atento escriba sabe captar em suas faixas, para irradiar na sintonia de outros canais. Afinal, o que mais nos pertence, além da extensão de nós mesmos e de nossa alma? Algo como os filhos, por exemplo; ou a própria literatura, porque viaja nessa dimensão, do pertencimento mágico ao real, num movimento pendular entre o que temos e somos e o que anelamos e projetamos. E, afinal, o que não nos pertence? Algo que nos escapa ou no qual nãonos encaixamos, este sentimento de não-adequação tão comum à própria noção de não-pertencimento. E a quê? A tantas coisas inumeráveis, situações e coisas não-poesia.
O projeto de Bárbara Lia continua, ainda que na contramão das coisas não-poesia, das condições não-pertencimento, contrapondo-se justamente pelo viés do autêntico e do verdadeiro, do que mais lhe pertence. E aqui, neste “O Sal das Rosas” ela os apresenta, como se vê, na maioria dos poemas, seja através do “riso dos filhos”, dos amores e dores, ou do seu constante exercício de pensar e reescrever o mundo de suas leituras e diálogos, indissociáveis, de todo modo, de suas identificações ideológicas, passionais e de sua busca constante pelo ideal humanista.
Márcio Davie Claudino
Poeta – autor do livro “O sátiro se retirou para um canto escuro e chorou” SEEC- PR. Curitiba, verão de 2007.

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