Tuesday, November 06, 2007

O SAMIT BRANCO

O caixão coberto com o samit branco cai do barco. Nele, a moça da aldeia que morreu de tifo.
O caixão é levado pelas ondas à terra e lá inteiramente encoberto por ericáceas. Os que ficam no barco não sabem o que dizer. O pai desfia as contas de seu rosário fúnebre.
Adormecida, a morta não abre os olhos. É sempre a mesma moça que não apodrece.
FERNANDO KARL
Caderno de Mistérios - Letradágua-2001
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Fernando Karl é poeta e já lançou mais de dez livros de poesias, e alguns contos que estão nesta raridade - Caderno de Mistérios - Ele me presenteava - em cada livro com uma dedicatória-poesia:
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No altar das estrelas
teu nome mais antigo
que o primeiro nome da água
F. Karl
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ou, aquela de Brisa em Bizâncio:
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No altar da brisa
duas flores:
olhos teus.
F. Karl

La nave va...

Um dedo de prosa

  Fui selecionada, ao lado de vários escritores e escritoras, para integrar o projeto "Um dedo de prosa". Um dedo de prosa promove...