Sunday, February 17, 2008

LÍRICA & PROFANA


ALONE - Toulouse Lautrec




Ontem, no extracéu, tomamos chá de anis,
Diante de um poente branco.
No extracéu não há noites e pássaros pousam
Em nossa janela, enquanto tecemos mantos.
Você sorri, mais do que sorris agora, e estrelas
Fogem do céu-matéria para matarem a saudade
Do teu belo riso italiano.
Vez por outra, congelamos uma estrela fugidia
E a colocamos na parede de nossa sala.

BÁRBARA LIA (O sal das rosas - Lumme editor-2007)



PROFANA

A cor do amor é branca,
e o amor tem uma covinha do lado direito do rosto
e o amor me olha como alguém
que jamais vai tirar a minha calcinha
e gozar o céu dentro de mim.
O amor sempre vai me olhar
como se eu estivesse num altar de papel.
Para o amor, eu sou uma rima
e rima não tem vagina.
Para o amor, eu sou uma ode
com uma ode ninguém fode.
Eu sou um verso alexandrino
jamais tocado pelo herdeiro deste nome.
Eu sou a palavra, e a palavra, a palavra é Deus
Deus ninguém come, mas,
será que beber
pode?

BÁRBARA LIA (NOIR - ed. independente-2006)

La nave va...

Um dedo de prosa

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