Monday, January 12, 2009

momento árabe

com Michel Sleiman





Na noite de 04 de setembro de 2.006, em solidariedade ao Libano, organizei um recital em Curitiba. Desta noite, creio que a mais gelada daquele ano, guardei a memória do som do alaúde, da presença de alguns amigos e de uma pequena platéia que parou um momento para ouvir os poetas árabes. Foi como uma silenciosa prece em um templo escondido. Convidei os meninos - Adriano Smaniotto e Alexandre França, e ao lado de Michel apresentamos Darwich, Raduan Nassar, Wally Salomão e Adonis... O mundo não quer ouvir o lamento árabe, isto está claro a cada dia. Sei que a nossa noite de solidariedade foi possível graças ao apoio do poeta Michel Sleiman.
Ontem eu pensava em quando vou ler os livros de amigos que tem uma poesia plena e que ainda não lançaram livros - Stella de Resende, Luciana Cañete, Michel Sleiman...


A menos que a abelha bique o sol do girassol


A menos que a abelha bique o sol do girassol

Não saio das colinas de Golan

Ali espio a crista do Monte Líbano

A libar rios de mel da Gehena de Alá

Pela boca dos fuzis do Hisbolá

Arrancados ao colo de Ramala e às tendas de Sidon

Onde Samira cansada de esperar por Samir

Reabre a fenda ao soldado imberbe de Israel

E lhe serve a sicuta em beijos conta-gotas

Enquanto a ONU gorjeia na goela de Kufi Anan

Escoltada pelas bandeiras de um pós-sionismo

Politicamente edulcorado e educado e

Pretensamente viável

E no Brasil Pelé Ronaldos e Kaká

Driblam a auto-imagem do samba no pé

Bola murcha vazando ar de peixe podre da Baía de Guanabara

E meu tio Bechara rala no Kuweit instalando cortinas nas mansões sobre areia

E serve de babá mucamo de bunda de xeiques cagalhões

Em seus Mercedes e Rolls-Royce com maçanetas de ouro e fiações de prata.

Deixem-me deixai-me contar as romãs no colar de Jade e Sulaima

Eu, Salomão desterrado fodido descobiçado.

Michel Sleiman

fonte: Icarabe

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