Tuesday, March 24, 2009

vitrine #5


andrew sage




Delírios em Amsterdã (fragmento)

Como um Van Gogh roto meu girassol-coração segue a luz de minha amada Serena. Como os marinheiros seguindo bússolas e estrelas. Van Gogh deixa ruivo o céu de Amsterdã e me sequestra para campos de trigo onde corvos tangem meu coração com o adeus da amada e a tétrica certeza da solidão calcinada.
Fujo dela nas noites lavadas de névoa envolvido na fumaça do cigarro, me sentindo exatamente aquilo que sou: o poeta solitário. Atirado no mundo, degredado da terra Brasil. Sepultando sonhos, esquecendo a aurora da minha vida, a minha amada querida, o mar azul do meu Rio de Janeiro. As nossas almas incendiadas da primavera vermelha que me atirou aqui - Amsterdã.
Longe do som do violão, da maresia, dos braços abertos de um Cristo triste abençoando uma cidade que me alucina de saudade.
Van Gogh não mora mais aqui. Tomei o seu lugar. Pinto estrelas de um céu que ninguém conhece: Só Van Gogh e eu.


Solidão Calcinada - (romance) p. 95
- Governo do Paraná - Secretaria de Estado da Cultura - 2.008

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