Thursday, December 31, 2009

I CONCURSO LITERÁRIO “CONTOS GROTESCOS - PRÊMIO EDGAR ALLAN PÖE




Última notícia do ano:

Meu conto "Set" foi premiado no I Concurso Literário "Contos Grotescos" - Prêmio Edgar Allan Pöe".
O resultado do concurso está na página do site - Contos Grotescos:

http://www.contosgrotescos.com.br/principal/

Além da antologia com o conto - Mulher na Árvore - do Concurso Nacional de Contos Newton Sampaio - SEEC (PR) - outra antologia com este conto -
Set - "Antologia - I Concurso Literário 'Contos Grotescos' - Prêmio Edgar Allan Pöe".

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Cigarras no apocalipse

São poetas em desalinho

Gestados no ventre escuro

Ninfas subterrâneas

Emergem em canto e vôo

Ao som da trombeta

De um anjo sem olhos.

Bárbara Lia

Tuesday, December 29, 2009

O ano de Emily Dickinson

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Passei o ano de 2009 deslumbrada com Emily Dickinson.
Esta poeta estupenda e enigmática.
Foi um ano complexo.
Há pouco escrevi um texto criptografado.
Deletei.
Desde o início deste blog tento mantê-lo apenas como um portal para minhas poesias.
Vez por outra extrapolo.
Preciso separar a mulher Bárbara da escritora Bárbara.
Sei que este é o tempo da exposição total.
De dizer tudo para todo mundo ler.
Nunca pensei usar o blog como diário.
Eu prefiro mostrar apenas o que filtro como matéria artística.
Poesia. Prosa. Um romance. Uma crônica.
Eu sou apenas uma mulher que viveu meio século e que escreve.
O blog nasceu com esta finalidade. Postar meus poemas.
Então chega 2009 - o ano pesado e longo e cheio de coisas positivas e negativas e questionamentos.
2009 - o ano do estranhamento.
Li uma complexa e estranha poeta, fiz parte de um complexo e estranho projeto, escrevi uma novela complexa e estranha e o ano também termina estranho e complexo.
O melhor a fazer é dar um tempo.

Desejar a todos que seguem e lêem o Chapar as Borboletas toda a paz no ano que desponta.
E deixar uma poesia da dama refinada e complexa que me convida a fechar as portas por um tempo, recolher-me na paz da poesia e recuperar o êxtase.
Eu que sempre vivi extasiada.
Para voltar a crer que a vida é um milagre.

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Algo existe num dia de verão,
No lento apagar de suas chamas,
Que me impele a ser solene.

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Algo, num meio-dia de verão,
Uma fundura - um azul - uma fragrância,
Que o êxtase transcende.

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Há, também, numa noite de verão,
Algo tão brilhante e arrebatador
Que só para ver aplaudo -

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E escondo minha face inquisidora
Receando que um encanto assim tão trêmulo
E sutil, de mim se escape.

Emily Dickinson

Tradução de Lúcia Olinto

Camelot!




Sean Connery e eu

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Sean dança comigo

Na casa suspensa

De janelas andantes

Cercada de sóis

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Sean sorri girassóis

Liberta todos os bemóis

Da orquestra das estrelas

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Gestos dele – Iluminura –

Rei Arthur em sua armadura

Cavalga o silêncio

Atravessa pontes de aço

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Sean Connery depois da batalha

Esquenta seus pés gelados nos meus

E me cobre com estrelas e nuvens

Enquanto me rasga dentro a mostrar

O quanto dói - em delícia – amar!

E amar Sean Connery dói bem mais.

Bárbara Lia

Sunday, December 27, 2009

o Alentejo lá fora - foto de Ana Mestre


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Quem faz um poema abre uma janela.

Respira, tu que estás numa cela abafada,

esse ar que entra por ela.

Por isso é que os poemas têm ritmo

- para que possas profundamente respirar.

Quem faz um poema salva um afogado.

Mário Quintana

Thursday, December 24, 2009

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Presépio, 1931

Cândido Portinari

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Fio d’água na calha
Faz girar a roda dos sonhos
Água que move a engrenagem
Opera o milagre de dezembro:
Presépio na minha aldeia
Nunca soube o que Maria e o Menino
Tinham a ver com o monjolo triste
Mas, evocava vida

- Esta cena em mim persiste

Bàrbara Lia

Monday, December 21, 2009

no portal cronópios...

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Para ler o meu conto - Mulher na Árvore - Menção Honrosa no Concurso Nacional de Contos Newton Sampaio - 2009. clique aqui.
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Tangência de ferros nos trilhos rasga em uma ternura que ofende de tão bela. Existirá paisagem de dor mais fecunda que trens rasgando trilhos?

Zelda Fitzgerald
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"...Olho para os trilhos e vejo você chegando - emergindo da névoa e bruma, suas queridas calças amarrotadas correm com pressa para mim - Sem você, muito querido, queridíssimo, não enxergaria nem ouviria nem sentiria nem pensaria..."

Amante, Amante, Querido

Sua esposa

Trecho da carta de Zelda Fitzgerald a Francis Scott Fitzgerald.
fonte - http://literatus.blogspot.com

Sunday, December 20, 2009

Terapia Cult


Acordar em uma manhã de domingo e ver no Telecine Cult o filme - Idolo de Cristal (Beloved Infidel) -
Débora Kerr que Gregory Peck.
Débora é Sheila, uma colunista social que conhece o escritor F. Scott Fitzgerald em um jantar entre amigos e realmente quer que ele peque (impossível não lembrar a canção de Rita Lee) a garota britânica acaba por se tornar a amante de Fitzgerald. Ele tenta escrever roteiros em Hollywood e não emplaca. O produtor diz - Scott, você é um grande escritor. Vá escrever romances...
O escritor precisa ganhar muito dinheiro para pagar a clínica psiquiátrica onde está internada sua esposa Zelda, bem como o colégio interno da filha. Com a ajuda da amante ele vai viver em Malibu para fazer o que sabe - escrever um romance. Morre de ataque cardíaco antes de concluir - O último magnata. O livro foi publicado em 1.941. Terapia Cult qualquer filme sobre escritor. As agruras são sempre as mesmas e os descaminhos, idem. Você pensa - quem sou eu pra reclamar se o Fitzgerald passou por isto.
"O Grande Gatsby" e "O Curioso Caso de Benjamin Button" baseado em um conto dele que foi publicado no livro - Tales of the Jazz Age- grandes sucessos à altura do nome de Fitzgerald para marcar sua passagem pelo cinema.
Quero ler - Esta valsa é minha - o livro da Zelda.


Thursday, December 17, 2009

hermanas

Bia
Ane Fiúza - artista plástica que ilustrou o livro Noir
Lu Grasso - nos conhecemos aos dezoito anos
Simone Rezende - minha amiga de fé irmã camarada


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Um ano termina e outro começa e as mesmas figuras maravilhosas estão lá. Muito tempo pode passar, décadas e uma vida. Por isto eu quero dividir com quem lê este blog alguns rostos e nomes de quem ajuda a tornar mais terna esta minha vida. Há uma ausência da ternura no mundo. Falava sobre isto com minha irmã Fátima lá em Sampa. Quando contei sobre o Bortolotto e o assalto e quando falei quanto ele era íntegro (no sentido épico mesmo) ela emendou - Este é o processo, daqui pra frente. As pessoas boas vão ser aniquiladas e vai ficar mesmo só os que abraçam este tipo de vida. A matéria acima de tudo, o sucesso acima de tudo. Senti um frio na espinha. O jeito é ir em frente e acreditar que ainda há espaço pra ternura, poesia, gente que encanta. Tem muita gente mais que eu gosto de encontrar. E ternura maior não há que ouvir a Edith Camargo cantar. Fui com a Ilse Bastos (falta a foto dela e de outras pessoas queridas) ver Sing Song semana passada. Paz. Luz. Flanar dentro de uma canção francesa e pensar - é isto. Tudo no mundo é uma questão de escolha. Cantar uma canção diferente, ainda que não seja aquela que canta toda a gente. Quero fazer isto com minha poesia, - que ela seja uma canção tão terna e tão pura quanto a voz da edith, um piano, uma harpa... E a gente atravessando a vida, com os amigos eternos e a força que ainda nos resta...

Milhões de eternidade cabem num suspiro - Emily Dickinson


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Carnaval no Clube 10 - Campo Mourão
Com o sobrinho Dudu em uma rua de Curitiba
Casa de uma amiga em Londrina
Tocando flauta na praia - Aracaju

- hoje abri o álbum antigo de fotografias - cenas de Bárbara Lia.


Mother



Minha mãe com Paula - minha filha mais velha - na foto em preto e branco e com a Tahiana na foto colorida. O nome dela era muito diferente - Patrocinia. Saudade de pedra.

O filho da minha filha

Arthur. Meu neto. Nasce em janeiro. Arthur transformou minha vida em uma maratona. Anunciou sua chegada meio a um cenário de poesia e medo. Recordo que o grande medo da minha vida era não ter filhos. Quando marquei meu casamento um médico disse que ia ser complicado e quase impossível que eu fosse mãe. Citou as razões médicas esquecidas e enterradas quando minha primeira filha nasceu na semana que completei um ano de casada. O que eu temia era que a sequela da polio interferisse na maternidade de alguma forma. Isto não aconteceu. Vez por outra eu lembro a Jô. A Jô era uma garota baixinha, que tinha a lingua presa e muita vivacidade. Língua presa qual Clarice Lispector, mesmo que muitos ainda publiquem o tal sotaque. Clarice declarou naquela entrevista antológica. Ela tinha mesmo uma fala diferente, por causa da língua presa. Estava muito triste ao fim da vida, é claro. Os que praticam a escrita puramente pela escrita vão ser sempre os tristes. Os que olham e ficam impotentes e não vêem outra saída além de ficar tristes. A Jô com a sua fala pungente quase me convenceu a ir com ela para o convento. Era um verão. A rua deserta da cidade pequena, nossos corpos refrescados voltando do clube depois de passar as tardes na piscina. A paz dos vinte anos e o mundo inteiro - alameda aberta à nossa frente. Visitei a Jô uma vez no convento das Mercês, aqui em Curitiba. O que acontece é que eu queria ser mãe. Mais que tudo. Naquela época estava dividida entre ser Madre Tereza de Calcutá ou ser simplesmente mãe de alguém. Muitos anos passados guardo esta certeza de que ser mãe, de todos os sonhos, foi o mais cobiçado. Mas, tinhas delírios de ser santa. Hoje eu sei que não sou santa. Agradeço imensamente a Deus por isto. Por me livrar deste desejo de santidade e colocar em mim apenas o desejo de humanidade. Tahiana é a minha segunda filha. A mãe do meu primeiro neto - Arthur. Arthur anunciou sua chegada em um tempo estranho. Vivi alguns meses como quem vive dentro de um filme. O inverno chegando e com ele a primeira epidemia séria que esta cidade viveu. O medo que chegava através das notícias diárias. Nossa cidade tão famosa por suas estruturas fortes, por ser um modelo disto e daquilo, não passou pelo teste e perdeu de lavada para o vírus H1N1, muitos mortos e uma infinidade de pessoas infectadas. A gripe infectou muita gente em toda parte. Aqui o medo de que faltasse o tamiflu levou à uma saida perigosa ao controle excessivo. Passei dias e dias em casa com a menina grávida. Por ser comissária de voo ela entrou em licença especial. As tardes serenas tecendo o enxoval do Arthur em silêncio com ela nesta casa lembrava um paraíso perdido. O que eu temia era aquela avalanche que nada detinha. A contagem dos mortos, notícia que eu acompanhava aflita. No começo de agosto chegou a notícia. - Meu primo José Tadeu apanhou o vírus. Morreu. Nem deu tempo de saber que ele estava de hospital em hospital. Não deu tempo para o adeus. Aquilo chegou como uma onda gigantesca plantando com mais furor aquela certeza - O risco era real. Real a ponto de tocá-lo. Fiquei com saudades do tempo em que tive minhas filhas em uma cidade pequena sem nem ao menos sonhar com este tipo de coisa, sem temores desta espécie. Agora falta bem pouco para a chegada do menino. Vai ser logo na virada do ano, vai ser o primeiro acontecimento. Eu vou viver outra história. Eu vou escrever muitas histórias. Passamos pela fase do terror. Do bafo de um vírus além da porta. Eu que temia não poder ser mãe um dia, breve vou ter um neto. Isto me dá a certeza de que 2010 vai ser um ano especial. Em 2009 eu vi a morte ao lado. Senti profundamente duas perdas. Do poeta do Rio - Rodrigo Leão e do meu primo que atravessou etapas da minha vida ao meu lado. Tinha quase a minha idade e tinha uma bondade que não se nomina. É o ciclo da vida e do recomeço. Fico pensando no meu neto e na certeza que tenho - Não vou poder dizer pra ele assim de cara - Este mundo é uma merda, meu menino. As pessoas são péssimas na maioria das vezes. Cada vez que você amar prepare-se para pouco tempo depois retirar uma espada em brasa do seu coração. Endureça dentro pra suportar ver um terço da humanidade morrendo de fome. Não acredite em todo mundo nem em todos os discursos. Para ser bem sincera eu devia dizer tudo a ele antes que ele entrasse no jardim da infância. A redoma que colocaram ao meu redor fez de mim aquela rosa do pequeno príncipe. Sozinha em um planeta pequeno com muitos carneiros para me devorar e certamente nada vai me livrar disto. Se eu quiser demonstrar que amo este menino que vai se chamar Arthur terei que desencantá-lo quanto à uma infinidade de coisas. Vai sobrar bem pouco. Poucas coisas que fazem a vida ser esta coisa incrível e miraculosa. Estes pequenos segredos é que preciso guardar para ele. Isto que me faz ser feliz apesar de tudo. Talvez eu diga isto em um livro. Para que além das porradas do mundo ele consiga encontrar um mundo, uma rosa e muitas palavras capazes de regenerar por dentro. Este é o graal. Ainda estão procurando por ele.

"Mulher na árvore" e "O que é Poesia?"

1) O que é poesia para você? A poesia é o meu ar. Minha forma de expressão. Meu jeito de dizer e narrar e questionar e transformar a realidade ao redor e assim alumbrar almas. (...) início da entrevista que está no livro organizado pelo Edson Cruz - O que é poesia? (Confraria do Vento/Cáliban) pg. 29
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Passei 2009 pensando neste meu arsenal de livros e como fazer para publicar. Depois eu analisei o meu caminho e fiquei bem calma. Tem ainda esta contumácia dentro da Literatura - valorar o cara depois de morto. O que não for publicado agora vai ser um dia. Esta liberdade que a poesia tem de caminhar sobre o tempo, acima do tempo, dentro do tempo. A poesia que me salva, como eu disse dentro desta mesma entrevista. A poesia está em lugares inimagináveis. Posso dizer que ela tornou minha vida suportável. Epifanias. Hora de esquecer as agruras atadas ao fato de ter voado tão longe a minha poesia. E retomar a obra, com a mesma ternura e volúpia que engendrou os meus livros, os diálogos, as possibilidades. Voltar à poesia que ela é minha e eu sou dela. Nunca vou lavá-la de mim. Por isto 2009 encerra com dois passos firmes na prosa e na poesia. O conto - Mulher na àrvore - selecionado entre os mais de dois mil contos do Concurso Nacional de Contos Newton Sampaio e estar neste livro organizado pelo Edson Cruz - passos importantes neste ano. O filme do Pipol que vai estrear em breve - H2horas. Outras mídias, coisas tão complexas para mim. 2009 veio pra confirmar que sou uma escritora à moda antiga. Que só sabe escrever e buscar a publicação no velho estilo. Aquela agonia poética do Fante em - Pergunte ao Pó. Ter concluído um romance, organizado um novo livro de poesias e escrito um texto para Teatro. Começar a elaborar outro texto onde eu vou falar da ausência da Ternura - repensar sobre esta vontade de abraçar o mundo. Ser romancista e poeta já está de bom tamanho. Perseverar na escrita e mostrar minha visão de mundo. Samir Yazbek abriu uma janela poderosa no workshop colocando desta forma simples. Todas as ferramentas são instrumentos para dizer algo que espelhe a visão de um autor. Simples. Quero levar a dramaturgia com a mesma leveza com que levo a poesia e a prosa. Sem pressões e sem cobranças. O que acontece na Arte é apenas isto. O que prospera é a obra que tem como uma marca d'água a alma do seu autor. . 2009 foi o ano da produção, sem produção não há publicação. Os livros tem vida própria eu bem sei. Quando chegar o momento eles nascerão.

Tuesday, December 15, 2009

Marcos Prado

Canção do camelo




desse deserto conheço cada grão de areia
à noite me segue sempre a mesma estrela
você é meu oásis e minha tâmara
rara como brisa em flor de âmbar



estou vivo dentro de uma natureza morta
não reconheço minhas próprias pegadas
nem a impressão de minha passadas passadas
atalhos que me trarão de volta



do alto, você chamusca o chão que eu piso
minha sombra é uma nuvem de gafanhotos
por esse mar arenoso eu deslizo



a sede dos meus cantis rotos
bebe a areia que virou vidro
e eu blatero ao sol meus perdigotos!


Marcos Prado & Edson de Vulcanis

- Marcos Prado nasceu em 15 de dezembro, em 1961. Longe de meus olhos sempre, eu nunca o vi com vida vi a vida vertida em cada verso e canção, em cada palavra. Grande poeta que a gente perdeu tão cedo e vez por outra eu o vejo como a última gota de água em um deserto. Ele morreu aos 35, a mesma idade com a qual eu comecei a escrever pra valer. Na verdade a morte é mesmo uma passagem. Morre-se para um tempo e um modo de vida e nasce-se para outro. Nasci para a poesia aos 35. Ou abri as portas de um lugar onde a palavra estava lacrada. Vez por outra eu penso no que está perdido. A luz e a força que eu tinha e que não virou verso algum. Agora escrevo um desterro, escrevo medos e escrevo dúvidas. Não materializei o fogo contínuo dos meus vinte anos, a minha dança entre as estrelas. Uma noite na cantina da Faculdade um garoto disse que eu era - uma menina cabeça - eu assombrava alguns e continha minhas chamas, na verdade nunca revelei meu universo interior, eu não registrei as ideias e talvez eu as guardasse pra não chocar a cidade pequena, a família, toda a gente. Lembro de um universo meu, dentro, um planeta. Um planeta que nunca nominei. Acho que Marcos Prado trafegava por lá, o fantasma de Rimbaud, um amor que eu ia encontrar muito tempo depois, uma terra de livres, este choque de estrelas. Quem sabe um dia eu crie uma fábula, uma peça, um conto, pra resgatar aquele interior onde eu trafegava. Meu imaginário - um feto que nutri em uma gestação longa, muito longa.

estante #32




http://www.nicolasbehr.com.br/

Sunday, December 13, 2009

ÚLTIMO TANGO EM PARIS

Adormeci ouvindo Piazzola. Ardência que rasga a carne. Lâmina celofane, quase transparente, lacera o coração a descascá-lo como às goiabas da infância. Membrana que desvenda a carne ardente, vermelha. Adormeci com acordes a lacerar dentro ecos de uma ausência, olhos espadas de toureiro a perfurar a carne do touro triste, no caso, da mulher triste.

Paris.

Eram altas as paredes, fossem baixas não acolheriam o porte de quem se insinua em beleza latina: Cortázar. Olhos claros hipnotizadores, negros cabelos, suéter amarillo. As chamas do ocaso adentram a sala ampla e branca de piso encerado sem rastilhos de poeira. Brilha e reflete as minhas pernas. De uma beleza perfeita, longas, sensuais pernas de uma musa de ébano, macias, perfumadas. Fazendo o tecido gozar quando roça em leveza a pele. Branco tecido, diáfano qual o de Marilyn na cena antológica do bueiro. Seios e ancas e pernas em um movimento leve a caminhar com ginga de manequim. Ele, cigarro entre os dedos, sorri atira o cigarro pela janela e me enlaça e me conduz. O tango de Piazzola invade meu sonho... Dançamos pela sala vazia em rodopio nos tornamos um como pede a dança. Os olhos dele na sensualidade perfeita da curva do meu ombro esquerdo fetiche que o vestido permite. Chão farfalha em labaredas brancas reflexo da saia que não combina com a dança. Tango vaporoso, vestido belicoso, pecaminoso. O olhar dele. A música ao longe regendo os passos.

Desperto com o gosto belo do pecado - homem e arte - o gosto de seus lábios argentinos a me beijar ao fim do tango.

Bárbara Lia

A cilada para os deuses e O sal da terra

Sal da Terra Luz do Mundo - Revista virtual de arte cultura saúde integral e espiritualidade - editada pela jornalista Ana Lúcia Vasconcelos destaca a entrevista que fiz com Michel Sleiman, tem também em destaque na página o lançamento de - O que é poesia? - Esta entrevista com o poeta Michel Sleiman figurou em vários espaços - Cronópios - Sal da Terra e no site do Icarabe. No site Sal da Terra Luz do Mundo - Literatura, Cinema, Música, Teatro, etc.


A cilada para os deuses blog da minha amiga Ilse Bastos, que conheci nos bons tempos do Porão Loquax. Ilse se define como Psicanalista em formação e Artista de Rock. Ela é integrante da banda Egide.

Friday, December 11, 2009

À porta dos amantes



Link para a poesia acima no blog Contemporartes, na coluna - Incontros - da Izabel Liviski, ao lado de uma bela foto que ela tirou em Cuba. O blogue publica notícias relacionadas ao universo da Contemporâneos - Revista de Artes e Humanidades,
periódico científico semestral ligado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas da Contemporaneidade, editada pela Prof. Dra. Ana Maria Dietrich.

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http://contemporartes-contemporaneos.blogspot.com/


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Wednesday, December 09, 2009

A um passo do pássaro respiro ( Orides Fontela)

Mário B ortolotto - foto Luiz Filipe Ogro



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O poema abaixo é da Fernanda D'Umbra, ela colocou em seu blog junto com a chamada para o show.

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batem as portas

teu coração já bate sozinho

touro quer levantar

forcado nenhum pode contigo

Fernanda D'umbra


Show quinta em são paulo (No Aurora) a renda vai pro Bortolotto - Show com a banda do Mário (Saco de Ratos) e outras bandas, mais detalhes no blog da Fernanda D'umbra:

http://semgelo.zip.net/


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Curitiba - Núcleo de Dramaturgia

Ontem durante a Palestra do Samir Yazbek - "A Importância da Dramaturgia Hoje" - Marcos Damaceno e Samir Yazbek lembraram a importância do Mário Bortolotto dentro da Dramaturgia Contemporânea. Como o Mário chegou - chutando a porta - em um tempo de inércia no que diz respeito à dramaturgia. Samir traçou um paralelo da trajetória de ambos nos anos noventa. Damaceno lembrou a importância do Marião, trazendo a reboque uma nova geração que escreve e vive o Teatro com as nuances da contemporaneidade, com a cara deste tempo. Hoje começa nosso workshop com o autor de - Os fingidores. "Dramaturgia em Movimento" é o último workshop do ano. Um ano rico em todos os aspectos, dentro do Núcleo de Dramaturgia.


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Corrente pra ajudar o Mário Bortolotto:

Depósito na conta poupança - qualquer valor será bem-vindo, de Cristiane do Carmo Viana, sua ex-mulher e mãe de sua filha. Eis os dados: Cristiane do Carmo Viana, CPF 004.957.939-81, Unibanco, Agência 0935, Conta Poupança 127721-6.


- Na Segunda eu vi na TV - Rede Globo - a notícia. No final o jornalista fêz uma crítica à reação do Bortolotto e citou a peça Brutal, tentando associar ao Mário uma violência irreal. Os amigos reagiram em blogs e páginas em toda parte. Tem estas três versões de um fato que não vai mesmo passar na Tv. Nem vão saber que Atire no Dramaturgo tem uma outra origem...

Jotabê Medeiros escreveu uma falsa entrevista com o bandido:

http://medeirosjotabe.blogspot.com/2009/12/falsa-entrevista-com-o-bandido.html

Mais notícias do Marião no blog do Marcelo Rubens Paiva:

http://blog.estadao.com.br/blog/marcelorubenspaiva/

E no blog do Márcio Américo

http://meninosdekichute.zip.net/index.html

Tuesday, December 08, 2009

O que é poesia?

Lúcia Santaella, Carlito Azevedo, Affonso Romano de Sant'Anna e Nicolas Behr
Edson Cruz, Ricardo Silvestrin, Márcio-André e Carlos Felipe Moisés
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Os caminhos da poesia contemporânea brasileira: dificuldades e acertos”
Com Affonso Romano de Sant'Anna, Carlito Azevedo, Carlos Felipe Moisés, Lúcia Santaella, Márcio-André, Nicolas Behr e Ricardo Silvestrin. - sábado dia 05. Uma felicidade ouvir tantos poetas e recolher cada palavra... Ainda não sabia da dor do Bortolotto. O que ficou no ar quando falaram da ausência do Ademir Assunção no instante em que chegou meu amigo Luar Sanchez e deixei a sala. O que não imaginava - a gravidade do que aconteceu.
Affonso Romano sugeriu, durante o debate, inverter a pergunta - O que não é poesia? A violência, com certeza. O que aconteceu com o Mário Bortolotto. Não é poesia. Nunca será. Resta pedir que ele supere esta não-poesia. Este instante trágico. Vai dar tudo certo.


os caminhos...
- Leveza no ar, um poema de Quintana na carteira do Nicolas Behr. Um momento de introspecção do Carlito Azevedo. Instigante o debate. Para quem é poeta. Para quem não escreve poesia mas captura nos livros na paisagem no cinema. A poesia é esta planta teimosa. Quando a gente pensa que ela morreu, volta toda prosa. Os poetas debatem e só a poesia para podar arestas, as dúvidas servem como desafio. A leveza está neste pequeno detalhe - Não desistir da poesia, posto que ela não desistiu de nós, ainda...

- Mais fotos e informações sobre a Rave Cultural no blog do Edson Cruz.
A pressa é inimiga da perfeição, sei. No entanto quis traçar umas pinceladas sobre a Rave Cultural com o lançamento do livro O que é poesia? E as coisas belas e tristes que aconteceram nestes dias.

O que é poesia? Casa das Rosas - Rave Cultural


Eu, José Geraldo Neres, Márcio-André e Marcelo Ariel, foto do Edson Cruz. Minha máquina arriou no início do Recital, mas no blog Sambaquis do Edson Cruz ele vai postar as imagens. Uma emoção encontrar as mulheres que não conhecia pessoalmente. Ver Marina Colasanti e ouvir Eunice Arruda, possivelmente uma chance única de ver e ouvir estas poetas nas quais me espelhei décadas atrás.

Sampa-Canção

Sábado estive na Rave Cultural. Para que esta mulher dê as caras em uma rave, só sendo cultural mesmo. Remontando a infância, brisa leve e céu azul. Os Demônios da Garoa. Minha mãe sentada em alguma nuvem acompanhava. Nostalgia da boa. Lindo Show. Um grande presente. Uma saudade... Sonora.

Tuesday, December 01, 2009

O que é Poesia? | RAVE CULTURAL 2009 - Casa das Rosas



Lançamento em Sampa

O que é Poesia?

05/12 - Casa das Rosas - dentro da Programação da Rave Cultural

Hall

16h – Lançamento: O que é poesia? – seguido de debate e recital
Livro organizado pelo poeta Edson Cruz, traz 45 relevantes poetas brasileiros, portugueses e hispano-americanos em atuação respondendo a essa pergunta aparentemente ingênua. Depoimentos de: Augusto de Campos, Affonso Romano de Sant'Anna, Carlito Azevedo, Frederico Barbosa, José Kozer, Glauco Mattoso, Ricardo Aleixo, entre outros.

Programação

Casa das Rosas
Espaço Haroldo de Campos
de Poesia e Literatura

Av. Paulista, 37 - Bela Vista
CEP.: 01311-902 - São Paulo - Brasil
(11) 3285.6986 / 3288.9447
contato.cr@poiesis.org.br

La nave va...

Um dedo de prosa

  Fui selecionada, ao lado de vários escritores e escritoras, para integrar o projeto "Um dedo de prosa". Um dedo de prosa promove...