Sunday, January 31, 2010

Edgar Degas
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Any clothing

After Love

Is rough sandpaper

Scratching

Skin

Beatified

The sacred hours


Bárbara Lia
(Nyx Nua)

Thursday, January 28, 2010

Novas Diretrizes em Tempo de Paz

A dona da locadora disse - tem um filme que você vai gostar - Tempos de Paz - Não pude ver a Peça - Novas Diretrizes em Tempo de Paz. Pena. O que posso dizer é que o filme é belíssimo. E que nas palavras de um ator polonês interpretado por Dan Stulbach eu demoli toda a dúvida. Sim! Isto é TEATRO. Este é o poder. Um texto do Bosco Brasil. Uma poesia. A poesia é derramada ali - alma de Clausewitz. Não eu não quero ser Sarah Kane. Não quero. Quero o simples elevado ao límite da beleza. Nada de enigmas. Nada de charadas. O complexo que deslize lerdo para debaixo da cama e que a luz clareie os que tem coragem de apostar a vida, o caminho em uma simples poesia, soprada pelo vento da alma, rasgada pelas visões do inferno. Isto é TEATRO. É certo que vi o filme - Tempos de Paz - é certo que chorei a sós deitada em uma cama em um quarto, é certo que não pude sentir a respiração opressa do moço bonito que declama Carlos Drummond de Andrade. O que eu acho? Que deviam explodir todos os cenários das telenovelas banais e inundar o país com Teatros e que salvassem os atores magníficos como Dan Stulbach e dessem a eles apenas o palco... apenas o palco.

no portal cronópios:


Charles Ribeiro entrou em contato comigo há algum tempo. Palmilhar o mundo é possível depois da rede. Os diálogos vários que vou tecendo com os poetas do mundo e descobrindo MUITA coisa. Mulheres do Candeeirocafe que foi publicado no cronópios apresenta as mulheres do coletivo Candeeiro Café um grupo de artistas baianos.

Monday, January 25, 2010

Trens Triturando Trilhos





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Este vídeo é da Thais Sakasegawa, amiga da minha irmã Fá, filmado em 2006 na minha passagem por Osasco. Devo às madrugadas no wonka no - Porão Loquax - uma prática no palco, já não fico tão tensa... Naquela noite em Osasco nota-se o quanto estava tensa, talvez por detestar fotos e filmagens. Tem gente que acha isto o cúmulo nesta era cibernética, mas, eu não gosto. Eu sou assim.
Esta poesia está no livro Noir.

Sunday, January 24, 2010

“só acredito em poeta experimental que tem vida experimental” - Roberto Piva

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Livros do Roberto Piva na - Livraria da Travessa - clicar aqui

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Livros do Roberto Piva na Livraria Cultura clicar aqui

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Em nome de Roberto Piva

Banco Itaú
agência 0036
cc 20592-0
cpf 565 802 828-00



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DO BLOG DO ADEMIR ASSUNÇÃO:



Roberto Piva, um dos maiores poetas brasileiros, está internado na enfermaria do Hospital das Clínicas, em estado precaríssimo. Piva tem 73 anos e sofre de mal de Parkinson. Segundo o poeta Celso de Alencar, que o visitou ontem, ele está num verdadeiro inferno dantesco.

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Nos últimos anos, Piva teve suas obras completas reunidas pela editora Globo em três volumes: Um Estrangeiro na Legião, Mala na Mão & e Asas Pretas e Estranhos Sinais de Saturno. Sua poesia voltou a circular como um furacão, mas o poeta continuou vivendo em situação precária. É comum os amigos se cotizarem para comprar os remédios que ele precisa para manter os efeitos do mal de Parkinson num nível razoável.

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Artistas não vivem de elogios.

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É preciso tirá-lo da enfermaria do HC e transferí-lo para um quarto. Urgente. Isso é o mínimo nesse momento.

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Ou as palavras do próprio poeta vão se confirmar como uma nefasta profecia?:

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“O objetivo de toda Poesia & de toda Obra de Arte foi sempre uma mensagem de Libertação Total dos Seres Humanos escravizados pelo masoquismo moral dos Preconceitos, dos Tabus, das Leis a serviço de uma classe dominante cuja obediência leva-nos preguiçosamente a conceber a Sociedade como uma Máquina que decide quem é normal & quem é anormal.”

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“... criminosos fardados & civis têm o poder absoluto para decidir quem é útil & quem é inútil”.


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“Enquanto isso, os representantes da poesia oficial & os engomados homens de negócios trocam entre si, numa reciprocidade suspeita, discursos & homenagens estourando de vaidade diante do aplauso de seus concidadãos. O que eu & meus amigos pretendemos é o divórcio absoluto da nova geração dos valores destes neomedievalistas”.

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- Espelunca (Blog do Ademir Assunção)

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O mundo é um cão que te devora começando pelos dedos.

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A poesia é meu ópio

terapia

refúgio

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Como era na infância

a revoada por quintais

criando reinos imaginários

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A vida retalha as costas

com seu chicote

enquanto canto árias azuis

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Quem não entende isto

não deve ler poemas

à meia-luz

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Não deve tomar vinho

em um túmulo branco

enquanto pergunta à lua:

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- Afinal, pra quê mesmo tudo isto?

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Bárbara Lia

Friday, January 22, 2010

Diálogos essenciais

Legítimos

A minha ânsia da palavra fértil é a ânsia mesma

da terra ressecada no

instante suspenso em que o trovão explode:

em dolorosa expectativa aguardamos:

a terra, a água prometida pelo estrondo,

eu, o fogo anunciado pelo relâmpago.

Da tempestade eu quero o que inflama:

onde estão os que me podem dá-lo,

onde estão os poetas do fogo,

os poetas nascidos do estupro das

mais belas filhas dos mortais pelos anjos de Deus,

onde estão os poetas legítimos com suas dores que

engendram frutos,

com suas dores que são partos porque

doem pela construção da vida,

com a sua graça e fulgor que

enrubescem e afugentam a morte?

ZECA JUNQUEIRA
Rio de Janeiro


No filme - Uma canção de amor para Bobby Long - tem um verso do poeta Robert Frost que eu amo:
Eu tive uma briga de amantes com o mundo
Vi o filme e escrevi um texto que pode ser lido aqui
Vez por outra alguém recupera um texto e eu releio, como se fosse o texto de outra pessoa. O distanciamento daquele momento, o tempo e a vida agitada obliteram o que foi escrito e o que gerou aquele relato. Acho isto muito bonito. Já aconteceu ao ler a página do orkut de uma amiga querida de Belém, a Marina, ler textos que minha memória já arquivou. Em um arquivo morto, talvez. Ela cita textos meus, poesias que não vão para os livros e eu recupero um momento, uma energia, uma beleza.
Por isto quando chegou um email do Zeca Junqueira que termina assim...
Em anexo dois poemas para você, que tem a sua briga de amantes com o mundo. Foi bom para lembrar aquele texto antigo e para conhecer a poesia que fala dos que vivem nesta briga de amantes com o mundo.

Tuesday, January 19, 2010

Estante #34


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Uma honra ser parte deste projeto do Edson Cruz - O livro O que é Poesia? é um relato íntimo de 45 poetas em ação. Uma pequena mostra na resposta de alguns poetas para a primeira pergunta do livro. O livro contém 3 perguntas à queima-roupa. Um registro essencial.
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O que é Poesia para você?
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A busca do Real fora da ficção do eu, onde a linguagem renasce como uma luz e um mapa para a descoberta do mundo.
(Marcelo Ariel)
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Poesia é tudo que você está sentindo agora.
(Nicolas Behr)
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A poesia para mim é a forma mais eficaz de alcançar algo inantingível, a essência do real ou, antes,o real em essência. É também o único modo pelo qual posso enxergar o mundo. Ela está um degrau acima da filosofia e um degrau abaixo do amor.
(Micheliny Verunschk)
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É a busca do novo em linguagem (no sentido mais amplo do termo), com o máximo de originalidade possível, mas sem perder de vista a inteligibilidade, já que existem poetas tão originais que nem eles mesmos compreendem o que poetizaram.
(Sebastião Nunes)

Os meninos e eu - Bárbara Lia





Os meninos empinavam pipas;
eu, pássaros

Os meninos folheavam revistas
de garotas nuas;
eu, assistia ao namoro dos sapos

Os meninos iam ao cine;
eu, atravessava a pé
o igarapé

Os meninos desenhavam piratas
tesouros, navios;
eu, a escafandrista solitária

Agora
solidão nos devora
em negros prédios
meio à elite ignara

Os meninos vestem
negro/desencanto
seguem com cifras
nas pupilas vítreas

Tão tristes os meninos,
reclusos, bebendo
o índice Dow Jones
junto com café.
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Trocando de amantes
a cada inverno.
A alma pesada os faz andar
em cadência de elefante.

Eu, pinto gravuras
em tons rosa chá
teço minhas roupas
danço minhas músicas

Não atravesso
o vidro frio do templo
moderno
_ shopping center _

Não atravesso
a porta de cedro
do antigo templo
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(enquanto o Vaticano
não doar aos pobres
todo ouro seu)

Vivo nas esferas
desço ao chão
para pisar águas
dos igarapés

Adormeço
no berço-arraia
que me embalazul
no "mar/
belo mar selvagem"



Menção Honrosa no 17° Concurso Nacional de Poesia - Helena Kolody.


Monday, January 18, 2010

Chuva

Desenho de Ane Fiuza - após a leitura do meu livro de poesias - A Última Chuva -
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LAYLA . calçadas molhadas - uma lâmpada grávida estremecida de sol pequeno - a lembrar que ainda é verde o trigo. florirá

amanhã

em sol granulado,

farpas de doçura,

sempre.

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DRÃO

“Grão, o amor da gente é como um grão”

Gilberto Gil

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grão

grão

grão

a cantar

as horas

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gota

gota

gota

a cantar

a chuva

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folha

folha

folha

a cantar

o outono

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bem-te-vi

bem-te-vi

bem-te-vi

a cantar

novo dia

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lâmina

lâmina

lâmina

a cantar

o amor.

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(Amar é ferir-se

em

lâminas

sollasidoremifa)

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Deus é a chuva. Só seu abraço líquido me faz leve. -Uma tarde na volta do colégio o vendaval molhou cada poro meu, encharcada de Deus entrei na panificadora e era só alma - o pão pesava mais que eu- Sei que Deus é a chuva quando o mais belo som é Ele abraçando a grama. É um diálogo de amantes como se os pingos em som de prazer se unissem às pétalas rudes pequeninas verdes, e o som rascante do gozo fatal se ampliasse, sem ferir. É calmo o som do amor -chuva na grama -.

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A chuva baila cinza na vidraça

que abre a cidade e

as cicatrizes de concreto.

No mundo não há quem leve,

como eu, este solar crepitar na alma.

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A ÚLTIMA CHUVA

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Eram retalhos,

rascunhos

partituras rotas

ode em desordem

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Eram cinza e vento

iceberg

no cenário.

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Eram estranhos

vozes de estanho

melodia brega.

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És!

Música

que estremece cristais.

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Som

do desmaio

da neve nos roseirais

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Plácido

barco branco

no grego mar azul.

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És!

O piano

A orquestra

O poema

A rima rara.

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És o que é.

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- POESIAS DO LIVRO - -A ÚLTIMA CHUVA (ME/2007)
- Cai chuva do céu cinzento (FERNANDO PESSOA) . Cai chuva do céu cinzento Que não tem razão de ser. Até o meu pensamento Tem chuva nele a escorrer. .

Tenho uma grande tristeza Acrescentada à que sinto. Quero dizer-ma mas pesa O quanto comigo minto.

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Porque verdadeiramente Não sei se estou triste ou não, E a chuva cai levemente (Porque Verlaine consente) Dentro do meu coração.

La nave va...

Um dedo de prosa

  Fui selecionada, ao lado de vários escritores e escritoras, para integrar o projeto "Um dedo de prosa". Um dedo de prosa promove...