Monday, July 30, 2012

Dear Zachary: A Letter to a Son About His Father



Kurt Kuenne, amigo de infância de Andrew Bagby demorou sete anos para concluir o documentário Dear Zachary - em meio a uma metamorfose inacreditável. Na infância Kurt decidiu que seria cineasta, Andrew participava de suas produções. Acostumado a filmar o amigo ele viveu o choque, ao lado da família e de uma imensidão de amigos, quando Andrew foi assassinado pela ex-namorada quando rompeu com ela. Andrew cometeu o erro que muitos cometem quando perdem um grande amor. Abrem a porta para qualquer um que ofereça o imediato consolo. Para sorte de muitos, nem todos são psicopatas como a namorada que Andrew teve quando foi estudar medicina no Canadá. Meio ao maremoto de saudade, Kurt decidiu continuar - filmando Andrew -  e iniciou um documentário onde pretendia colher depoimentos dos amigos, dos familiares, visitando vários lugares, inclusive a Inglaterra onde viviam os avós maternos de Andrew. O documentário tem uma espetacular montagem. Os efeitos que ele utiliza para evidenciar os fatos. Ao apresentar o laudo da perícia não é uma imagem destas utilizadas pela polícia, nem mesmo o corpo de Andrew estirado em um parque, morto e abandonado por aquela maluca. São fotos de Andrew menino. O impacto da montagem deste documentário faz com que ele seja, embora triste, um dos documentos mais bem montados para narrar uma tragédia. Ao iniciar o documentário Kurt soube que a ex-namorada e assassina estava grávida do amigo, foi então que ele mudou o foco, o documentário seria uma carta ao filho que viria. Um documento para mostrar a Zachary quem era seu pai. Meio a um processo de extradição para ser julgada nos Estados Unidos, Shirley (a assassina de Andrew) e seus advogados conseguiram fiança e a Vara de Família concordou que uma pessoa que cometeu um homicídio violento ficasse com a guarda da criança, negando a guarda aos avós, transformaram a vida dos pais de Andrew em um tormento sem fim. Andrew era filho único e o neto era a família daquele casal. Obrigados a conviver com a assassina do filho e sofrendo a angústia de saber que o neto estava ao lado de alguém instável e cruel. Plena de exigências a louca se coloca como alguém que pode, apesar de tudo, ser parte daquela família. Presa por um tempo, eles ficaram com o pequeno, sem conseguir perder vínculos com a assassina, pois existia uma acordo de visita que obrigava os avós a levar o menino até a prisão para as visitas regulares. Em um telefonema Shirley indaga se colocaram a foto em que ela está com Andrew no quarto do filho. O pai de Andrew é obrigado a dizer com todos as letras que não conseguem - ainda - como se possível fosse, um dia, alguém colocar a foto do assassino do filho em um lugar de sua casa. Conseguindo a liberdade e à espera do julgamento ela retoma a guarda do filho e os avós esperam que a justiça prevaleça. A única forma dos avós - finalmente - ficarem com Zachary. Considerando as provas e todas as evidências e a impossibilidade dela ser julgada inocente. O caso sofre a última guinada que deixa a todos estarrecidos. Dear Zachary: A Letter to a Son About His Father é pleno de humanidade. Um arco-íris de toda e qualquer emoção humana. Baila entre vida e morte com todas as cores daquilo que conhecemos como - ser humano. Os vínculos fortes e reais são atirados diante dos olhos dos telespectadores. A vida de Andrew passo a passo em inúmeras filmagens. Em um filme da adolescência, Kurt diz que construiu a máquina do tempo para ter a chance de salvar o amigo e evitar que ele fosse morto. Andrew tinha carisma e tantos amigos que a vida dele era partilhada como se os dias fossem uma eterna celebração. Foi a um colega do hospital que ele contou que Shirley o havia procurado às duas da manhã. Viajara milhas e batera à sua porta. O amigo disse - Bem, se eu tivesse dispensado uma garota e ela batesse à minha porta de madrugada eu sairia pela porta dos fundos. Ele foi de peito aberto encontrá-la no parque, não ouviu o conselho do amigo.  Em alguns a fecundidade de promessas de beleza (Andrew): em outros o escárnio e descaso absoluto com tudo (Shirley). A falta de senso dos homens da lei que não conseguem compreender a extensão de seus erros. A coragem de um casal que perde o único filho e embarca em uma jornada sem trégua que ainda não chegou ao fim.
Vi nesta madrugada no GNT. Por coincidência estava na casa da minha filha com meu único neto. Sob o impacto daqueles eventos eu passei a noite rodeando o meu tesouro, creio que incomodei seu sono. Depois das minhas idas ao quarto cafunés e abraços ele sentou na cama sonolento e me disse - Dorme, vó! Como a me alertar que tudo estava bem...
Nem o mais terrível serial killer que tive notícias me assustou tanto quanto aquela mulher. O pai de Andrew - David Bagby escreveu um livro - Dance with the devil... Ele realmente dançou com o demônio.

link para o trailer:
http://www.youtube.com/watch?v=OtyY0CXdiNo

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