Um poema é
sempre um uivo na noite calada
Quebrando a
gélida cortina do silêncio negro
Entrando nas
veias como um rio do Alasca
Em pleno verão
quando ele degela - triste -
Diluindo a
crosta expondo corpos estocados
Um poema é
sempre este sangue tardio
Aquele que é
descoberto pós-bala alojada
Pós-vísceras
rasgadas e o corpo tombado
Que o poema
salva com um ato cirúrgico
Um poema é a
maré do espanto revelado
Aquele
soluço incontido que estoura dor
Que explode rasgando
a cápsula da pele
Coração/barragem
– finalmente - rompe
Bárbara Lia