Sunday, February 07, 2016

as filhas de manuela




Era bela a silhueta de Maya pelos bulevares. Jean-Luc seguindo-a como se ela fosse o ar. Ela era noturna. Durante o dia usava sombrinhas coloridas, para não permitir que o sol denunciasse sua sombra de sangue. As pessoas paravam para olhar a sua silhueta esbelta, com seus ternos femininos de cores claras e a sua beleza rara. Sua pele claríssima, herança de Savério. Seu cabelo escuro, herdado de Magnólia. Ninguém diria que ela era uma mulher amaldiçoada. Quando ficava nua diante da janela, sua sombra era escultura escarlate no chão claro. E ela, a sós, achava poético ter uma sombra sangrada. Achava bela sua sombra que vibrava mais que a sombra das mulheres da família, achava que era pelo seu excesso de vida. Quiçá por ser ela fruto de um incontestável amor. Admitia. Sabia da inquebrantável linha solar que unia sua mãe ao italiano. O pai era seu pequeno deus e ela o adorava. E ele nada cobrava. Não dizia nada, não fazia como Magnólia que a queria outra Uma menina quase deusa, uma pessoa magnânima talvez.

As filhas de Manuela
Bárbara Lia
Menção Honrosa no Prémio Fundação Eça de Queiróz, em sua primeira edição



Neste ano o Prémio Fundação Eça de Queiroz premiará um ensaio... o link abaixo para o regulamento do concurso...

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Um dedo de prosa

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