Sobre “O
sorriso de Leonardo”, o poeta e artista plástico português, Fernando Aguiar, escreveu:
A poesia de Bárbara Lia junta um
lirismo muito feminino à realidade que todos os dias bate à porta dos seus
olhos. Poética dos homens, da terra, mas também dos sonhos onde “Para quem
dorme a chuva tem a magia do canto das sereias”
Fragmento de um texto do poeta português Luis Serguilha, sobre “Noir”:
BARBARA encandeia com a violência dos seus ecos,
com o naufrágio da claridade dos ritmos, com o sal-húmus das gargantas dos
cenários.
As imagens ampliadas dos corpos fluem através das
mandíbulas líquidas que proliferam sobre os acordes inatacáveis deste livro,
porque a Barbara modela-se a si própria entre as unânimes correspondências:
aqui a reciprocidade das vibrações forma os cavalos dos limites onde as loucas
marchas despertam os halos do pulsar erótico.
A performance da palavra explora o bálsamo
perfeito e descodifica a arqueologia dos sentidos. Barbara explora a jubilação
da folhagem humana, desenha a efervescência da comunicação para consumar o
ciclone paradisíaco ou a loucura da graça do absurdo .
O balanço afrodisíaco e vegetal sopra sobre os
espelhos enunciadores da andadura dos signos onde a gigantesca luz do amor é
sempre trágica e incompreendida.
O olhar de NOIR abre o ancoradouro solar e tropeça
nas árvores cósmicas como um corpo secreto a alimentar as coordenadas criadoras
doutro corpo, porque quer abraçar livremente o mundo.
A musicalidade ramifica a navegação da génese das
palavras e eleva a Barbara a uma paisagem de fantasia. O sofrimento humano
interroga as fugas inextinguíveis como uma constelação de aprendizagens sobre
obstáculos permanentes.
NOIR procura profundamente a respiração visual do
desejo, relembrando Ramos Rosa ´´ que não pode adiar o amor para outro século
ainda que o grito sufoque a garganta´´.
Sobre “O sal das rosas”, o Poeta Márcio Davie Claudino, Escreveu:
A POESIA DO
PERTENCIMENTO DE BÁRBARA LIA
Quando
eu disse à poeta Bárbara Lia que percebesse, mediante
circunstâncias singulares, o que realmente fazia sentido e que se traduzia
em um sentimento de pertencimento, minha intenção era que estimasse tal noção
partindo de critérios avaliativos subjetivos, ou seja, do que fosse mais
verdadeiro e autêntico em sua vida e projeto literário; e não pensei que ela
levasse tão a sério aquelas palavras. Qual não foi a minha surpresa quando me
deparei com o poema que abre este “O Sal das rosas”, cujo título é “O que me
pertence”. Somos assim, e que bom. Movidos algumas vezes pelo verso do outro,
por palavras escritas ou proferidas em algum momento, em alguma luz ou treva, e
que o atento escriba sabe captar em suas faixas, para irradiar na sintonia de
outros canais. Afinal, o que mais nos pertence, além da extensão de nós mesmos
e de nossa alma? Algo como os filhos, por exemplo; ou a própria literatura,
porque viaja nessa dimensão, do pertencimento mágico ao real, num movimento
pendular entre o que temos e somos e o que anelamos e projetamos.
E, afinal, o que não nos pertence? Algo que nos escapa ou
no qual não
nos encaixamos, este sentimento de não-adequação tão comum à própria noção de
não-pertencimento. E a quê? A tantas coisas inumeráveis, situações e coisas
não-poesia.
O projeto de
Bárbara Lia continua, ainda que na contramão das coisas
não-poesia, das condições não-pertencimento, contrapondo-se justamente pelo
viés do autêntico e do verdadeiro, do que mais lhe pertence. E aqui, neste “O
Sal das Rosas” ela os apresenta, como se vê, na maioria dos poemas, seja
através do “riso dos filhos”, dos amores e dores, ou do seu constante exercício
de pensar e reescrever o mundo de suas leituras e diálogos, indissociáveis, de
todo modo, de suas identificações ideológicas, passionais e de sua busca
constante pelo ideal humanista.
Sobre o livro – A flor
dentro da árvore:
Existe uma musicalidade que nasce no interior do silêncio e
esta musicalidade está presente neste livro que você, leitor tem em mãos.
Penso que
nossa consciência se divide em uma parte que observa e outra parte que vive,
nos poemas de Bárbara Lia acontece, uma delicada fusão destas duas partes da
consciência, temos aqui uma poética que se alimenta desta fusão e com uma
elegante concisão ata, costura estas duas metades de um eu lírico, que
todos no fundo possuem e poucos sabem fazer cantar e florescer num poema que no
fundo é como a flor de uma árvore, que poderíamos sim, chamar de árvore
da vida, a poesia seria justamente essa flor, que Bárbara soube tão bem indicar
no meio desse misterioso jardim onde cresce a árvore da vida, não é esta flor,
uma flor no Ártico como apontou Rimbaud em uma de sua iluminações, é uma
flor-árvore que cresce em toda parte, como poderá intuir, quem ler este belo
livro.
Marcelo Ariel
Sobre “Respirar”:
A mais alta poesia gira ao redor desse livro,
porque orbita ao teu redor com uma naturalidade absurda. Não conheço nenhum
outro poeta que alcance as notas tão facilmente e seguramente quanto você. É
tanta música e pintura e céu com aquele azul decisivo, que o verso se faz carne
e sonho com a mesma desenvoltura.
Fernando Koproski.